Escolhas pessoais

Alinhar composição, harmonia e equilíbrio é fundamental para uma boa decoração

Escolher elementos que tenham a ver com a história e a afetividade dos moradores leva o projeto a um resultado estético e acolhedor

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postado em 24/04/2017 13:42 / atualizado em 12/05/2017 11:04 Lilian Monteiro /Estado de Minas
Com experiência e know-how, Carlos Solano, arquiteto e autor de vários livros, coordenador do Seminário Internacional de Feng Shui e do curso Casa Natural e Terapias da Casa, e agente da campanha Vamos Plantar 1.000.000 de Árvores, é o profissional ideal para dar dicas preciosas de design de interiores e falar da importância de pensar em composição, harmonia e equilíbrio. “Existem muitas formas de abordar a ambientação, mas um ponto importante é não pensar se as coisas “combinam” entre si (um conceito ultrapassado), mas, sim, se são significativas, se você gosta delas ou se contam as suas histórias. Alguma herança da avó, um presente de um amigo, uma lembrança de viagem, uma cor que tenha a ver com você, um aroma da infância etc.”

Neste projeto, a ênfase é o Movimento fogo, a Casa de Graça. O fogo aparece na pintura da parede
 - Bruno Bastos/Divulgação Neste projeto, a ênfase é o Movimento fogo, a Casa de Graça. O fogo aparece na pintura da parede

Mas para ter mais segurança, Carlos Solano conta que existem pesquisas que fazem indicações interessantes. “De todas as cores, o amarelo e o verde são apontados como os mais agradáveis e podem ser usados em uma parede apenas ou em plantas e quadros. Um arranjo de flores naturais pode minimizar sentimentos depressivos. Fotos ou lembranças de pessoas queridas geralmente trazem uma sensação de conforto emocional. Os aromas modificam a relação com a casa de imediato. O de baunilha (uma vela aromática, por exemplo) é associado à redução do estresse, e o das flores (em óleos essenciais, como os de lavanda e gerânio) à abertura e leveza de sentimentos. A cama arrumada pela manhã é, no geral, acompanhada de uma sensação de ordem e tranquilidade que dá ânimo para o dia”, explica.

No Movimento madeira, nesta pequena cozinha foi usado um barrado de ladrilhos de papel desenhados pelo artista plástico Geraldo Martins - Bruno Bastos/Divulgação No Movimento madeira, nesta pequena cozinha foi usado um barrado de ladrilhos de papel desenhados pelo artista plástico Geraldo Martins

O arquiteto revela que também há estudos sobre os padrões de maior ou menor conforto ambiental. “Temos a pesquisa do arquiteto austríaco Christopher Alexander, no Ocidente, e as referências do feng shui, no Oriente, que coincidem em muitos aspectos, como mostro no meu livro Feng shui – arquitetura ambiental. Por exemplo: o ambiente de entrada da casa define a impressão que se tem do lugar como um todo. A porta principal não deve criar obstáculos, mas abrir-se totalmente e bem. A entrada ideal deve ser clara e arejada (caso não seja, use uma cor clara ou quente na parede). Os quadros e objetos devem retratar boas representações. Na sala, os sofás e poltronas devem ser dispostos em forma de U, abraçando e conformando um lugar protegido para conviver. De preferência, os sofás e poltronas devem encostar em paredes cegas (sem janelas), o que dá uma maior sensação de apoio e segurança. No quarto, o importante é a preservação da intimidade e a cama deve estar sempre longe dos olhares internos e externos.”

Para representar o Movimento terra, o espaço é valorizado pela continuidade das cores de piso e parede - Bruno Bastos/Divulgação Para representar o Movimento terra, o espaço é valorizado pela continuidade das cores de piso e parede

Carlos Solano ensina ainda que, pelo feng shui, a ambientação deve complementar o temperamento da pessoa. “'O equilíbrio é alcançado por meio do oposto'. Assim, quem é introvertido deve compor um ambiente mais caloroso, expansivo. Quem é extrovertido deve usar cores suaves, frias (azul e verde) e deixar o ambiente mais limpo e calmo visualmente. Isso, no geral...” Carlos Solano lembra que se alguém estiver sem motivação na vida pode começar por mudar o ambiente. O ideal é que, a cada novo ciclo de vida, façamos também alguma renovação na casa, já que a vida é rio em movimento, que leva e lava tudo, sempre. E a casa é água cristalina, é espelho. Reflete histórias que, aos poucos, definem os contornos de nossa realidade.”

Relação entre os elementos

Ao pensar em decoração, é importante levar em conta cinco qualidades que a nossa casa deve ter. Carlos Solano diz que elas estão associadas aos cinco elementos da natureza, da medicina chinesa. Desse ponto de vista, existe sempre uma relação entre casa e psiquismo, ambiente externo e interno:

1 - Movimento (Elemento madeira): muita gente nem imagina, mas um jeito simples de reformar é simplesmente mudando os móveis e objetos de lugar. Só isso faz uma grande diferença. Mas não mude por mudar, mude para ressignificar. O sofá velho vira outro se você joga por cima uma manta nova, de outra cor. Quer trocar o piso da cozinha, sem gastar? Cerâmicas baratas, em cacos, compõem um alegre mosaico. Azulejos e móveis transformam-se com pintura e novos coloridos. Dê novo uso aos aposentos, mude de quarto...

2 - Beleza (Elemento fogo): “Nasci em Bela Vista (MS) e fui criado em Belo Horizonte (MG), duas cidades que têm a beleza no nome. Por isso, digo brincando que fui 'intimado' a gostar do belo, que, para mim, está presente na arte inspirada (incluo aqui a arquitetura e a literatura), na natureza (plantas e flores em casa), mas, principalmente, em objetos significativos, que contam nossas histórias.”

3 - Espaço (Elemento terra): liberar espaço é desintoxicar. Já ouviu falar em toxinas da casa? Pois são objetos e roupas que você não gosta ou não usa, coisas feias ou quebradas, velhas cartas, plantas mortas ou doentes, remédios vencidos, meias e sapatos estragados... Um peso. O “destralhamento” (a liberação das “tralhas”) é uma das formas mais rápidas de transformar a vida e pode muito bem ajudar outras terapias. Abrir espaço na casa é abrir espaço na vida.

4 - Foco (Elemento metal): nossos valores fundamentais podem (e devem) estar representados em pontos focais do ambiente como se fossem lembretes que clareiam o nosso caminho. Exemplos: se você quer valorizar as relações, reúna fotos de bons momentos com a família ou com amigos. Se é uma pessoa espiritualista, crie um altar. Se aprecia uma boa leitura, deixe alguns livros inspiradores à mão. Se precisa de paz, reserve um canto, uma poltrona que seja, onde possa se isolar, por um tempo, do mundo. E assim por diante.

5 - Presença, intimidade (Elemento água): um dos maiores presentes que podemos dar às relações afetivas é a nossa presença. Estar presente é se interessar pelo outro e ofertar os melhores dons à convivência. A presença se expressa ainda no cuidado com o cotidiano, no jeito bonito de dispor uma mesa de café, na forma de dizer um bom-dia.

Divulgação
BOA LEITURA 

Carlos Solano conta que, quando criança, inventava histórias, desenhava os personagens. Seu último livro é o Casa nossa de cada dia: “Esse 'filho' nasceu da vontade de partilhar boas ideias, que enriquecessem o dia a dia das pessoas. O livro levou mais ou menos oito anos para ser concluído e sintetiza a bagagem de pesquisas, viagens, cursos, experiências de toda uma vida”.
 
SERVIÇO

Livro: Casa nossa de cada dia
Autor: Carlos Solano
Editora: Laszlo
Número de páginas: 216
Preço sugerido: R$ 80
 Onde encontrar: Empório Laszlo (Rua Itaúna, 66 – Colégio Batista, BH) ou encomendado pelo e-mail livroscarlossolano @gmail.com

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