Para as estruturas construtivas, ele faz o papel de coluna, viga, lastro, telha, forro, maçaneta, fachadas, divisórias e muros. Pode ser usado para alguns tipos de encanamento de água, com uma infinidade de possibilidades em peças decorativas e para mobiliário, revestimento, pisos, paredes, portas, janelas, casas e edificações inteiras. A inserção do bambu na arquitetura começa desde que o homem passou a buscar na natureza matérias-primas para levantar abrigos, há milênios.
Essa gramínea tubular, longa e flexível, se firmou como uma alternativa vantajosa atualmente. O material orgânico com resistência a compressão superior ao concreto armado e tração comparável à do aço, se mostra como grande trunfo para aliar as necessidades humanas ao respeito à natureza, ganhando espaço como a nova madeira do século 21. Fato comprovado pelos mais de 1 bilhão de moradores em habitações desse tipo espalhados pelo mundo, de acordo com a organização chinesa International Network for Bamboo and Rattan (Inbar).
Uma construção singular na Indonésia explora ao máximo as qualidades do bambu. Incrustada na bela região montanhosa de Gunung Agung, em Bali, é um verdadeiro oásis em meio à natureza, ideal para receber viajantes aventureiros. É o Hideout Bali Hut, cabana sustentável assinada pelos arquitetos Jarmil Lhoták e Alena Fibichová. Ao lado de uma nascente, em diálogo direto com fascinantes campos de arroz, o lugar é um convite para experimentar a paisagem.
Para erguer a acomodação, foi especificado exclusivamente bambu oriundo das localidades, uma matéria-prima ecológica que proporcionou a feitura de uma armação durável, com uma baixa pegada de construção. O material foi conseguido das montanhas perto de Karangasem, e é tido com uma das espécies de bambu mais indicadas para obras. Pelo fato de se desenvolver praticamente a 800 metros acima do nível do mar, os arranjos dos talos da planta possuem índices de açúcar menores, o que permite melhor densidade e resistência. Antes da concretização do projeto, os talos foram tratados com fumo e produtos não tóxicos que otimizaram sua longevidade.
Com leiaute característico de chalés tradicionais europeus, em desenho da letra A, a cabana é sustentada por seis pilares e recebeu, para a cobertura, telhado de palha. Os contornos pontiagudos da casa foram o ensejo para os criadores decidirem por generosas janelas triangulares no pavimento de cima, desvelando o olhar para o maravilhoso espaço externo, ao mesmo tempo em que o interior é agraciado pela luminosidade natural. Os demais elementos conversam diretamente com o ambiente ao redor e o jardim dispõe de uma ducha ao ar livre ladeada de árvores.