Contornos fluidos, orgânicos, uma ode à natureza. Tomando o ambiente natural como fonte de referência, o arquiteto mexicano
Javier Senosiain assina um projeto em que tudo parece moldável. Trata-se da
Casa Orgânica, que mais aparenta um casulo verde quase oculto sob a terra. A obra segue a linha de trabalho do autor, dono de desenhos intrigantes e excêntricos. A morada ocupa terreno na cidade de
Naucalpan de Juárez.
A obra ganhou forma na década de 1980. O ponto de partida é a ideia de uma
casca de amendoim. Extensos espaços ovais que recebem luz em abundância se ligam a locais mais comprimidos e escuros. Na distribuição dos cômodos, a planta se divide entre duas áreas centrais: uma voltada para a interação, com sala de estar, jantar e cozinha, e outra concebida para descanso e recolhimento, com dormitório e banho.
Com traçado que favorece a fluência das curvas, tudo é espontâneo - na concepção orgânica, até a porta segue um modo circular. Com aposentos interiores trabalhados como esculturas da natureza,
a residência recebe feições de uma estilosa pegada Hobbit.
Dentre os processos construtivos, sobressai a técnica do
ferrocimento, quando se especifica uma porção de cimento sobre estrutura em ferro. Na cobertura, o revestimento é com
poliuretano, que responde à função de impermeabilizante e isolante.
Mesmo com grande parte abaixo da terra, a casa não é sombria.
Os ambientes são inundados pela iluminação natural que adentra por generosas aberturas de janelas e portas. Para a proteção contra o sol, o vento e mesmo a chuva, que poderiam ocasionar fissuras e umidade a longo prazo, a decisão é pelo uso de
terra e grama.
Para assegurar uma atmosfera prazerosa em todas as estações do ano, pontuações de ventilação foram especialmente concebidas. Com flores e árvores em volta, a conclusão é
um ambiente enorme e completamento integrado com o verde, afinal, "andar no jardim é andar no telhado da casa sem perceber", como consta na explicação do projeto.
"O objetivo era procurar espaços semelhantes ao claustro materno, aos abrigos de animais, ao homem que inicialmente adotou as cavernas sem modificar seu ambiente, o iglu, todos os espaços de acolhimento; côncava como os braços da mãe que aconchega a criança; espaços integrais, contínuos e amplos, luzes libertadoras e formas mutáveis que acompanham o ritmo natural dos movimentos do homem; espaços onde o mobiliário integrado facilita a circulação e aproveita grande parte da área”, descreve o arquiteto.