Inspiração para o lar

Mostra apresenta o chique que cabe no bolso, a beleza sem exibicionismo e uma chuva de ideias

Morar Mais por Menos traz para o público de BH conceitos como sustentabilidade, inovação, personalização e criatividade para a decoração de ambientes, com produtos acessíveis

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postado em 10/09/2018 10:40 / atualizado em 10/09/2018 12:56 Joana Gontijo /Lugar Certo
Joana Gontijo/EM/D.A Press

Ter qualidade de vida invariavelmente está relacionado com a experiência das pessoas com o lar. Cada vez mais antenado, esclarecido e exigente, o morador encara a casa com uma percepção que vai muito além dos aspectos práticos e funcionais, e procura no dia a dia mais alegria e prazer. Com a volta da valorização do espaço onde se vive, a arquitetura e a decoração têm papel essencial para transformar o olhar sobre os ambientes e torná-los o reflexo de quem usufrui deles.

Nesse cenário, conceitos como sustentabilidade, personalização, criatividade, tecnologia e inovação, inclusão, identidade e customização são alçados a novos patamares, tidos como premissa básica. Esse é o mote da mostra Morar Mais por Menos, que aportou em Belo Horizonte no fim de agosto e vai até 23 deste mês em um suntuoso casarão no Bairro Cidade Jardim, apresentando ao público o chique que cabe no bolso, a beleza sem exibicionismo, e uma chuva de ideias que mesclam o barato com o sofisticado para inspirar quem aprecia novidade.


O resultado são composições despojadas e contemporâneas, em uma reafirmação de que o simples é sempre mais. Este ano, na 12ª edição na capital mineira, são 39 ambientes e 75 profissionais desafiados a traduzir em seus projetos os pilares do evento, com recursos de reutilização de materiais, visando aos mínimos impactos ambientais, além de sacadas engenhosas, de baixo custo, com o retorno do artesanal e do faça você mesmo. É uma maneira de mostrar aos visitantes que a decoração é algo acessível e está ao alcance de todos, respeitando o bom gosto e o preço justo.

Quarto do bebê, de Patrícia Bigonha, foi pensado para utilização após o crescimento da criança - Gustavo Xavier/Divulgação Quarto do bebê, de Patrícia Bigonha, foi pensado para utilização após o crescimento da criança

A designer de interiores Patrícia Bigonha participa da mostra pela segunda vez. Ela apresenta uma proposta colorida e lúdica com o Quarto do bebê. Trabalhou o cômodo sem distinção de gêneros, além de aplicar artifícios que possibilitam sua utilização depois do crescimento do rebento. "O projeto pode ser para menino ou para menina. A paleta de cores (verde, azul e tons de goiaba) foi pensada para não definir sexo. Mais uma sugestão é que a criança se desenvolva no espaço sem que ele seja limitado para até os dois anos. A intenção é ser atemporal, não só para um bebê pequeno", descreve.

Seguindo esse norte, o berço, por exemplo, futuramente dará lugar a uma cama, e o quarto continuará funcional. A cômoda não tem cara de trocador e, mais tarde, pode ser incorporada a qualquer outro recinto da casa. Entre as alternativas de economia nos gastos, as paredes foram retocadas apenas com tinta e adesivos, materiais baratos e versáteis, sem contar a atmosfera de personalidade - ela despendeu R$ 100 para adesivar a parede inteira e alcançou um bonito resultado, com efeito de papel. O mobiliário ressalta peças autorais, incluindo um cabideiro que faz as honras de luminária, concebido com cabo de vassoura reaproveitado, e outro preceito foi manter elementos originais da edificação, como um armário, evidenciando uma relação harmoniosa entre o antigo e o atual.

Com uma configuração que agrega quarto, estar e cozinha, o ambiente de Maria Gabriela Belisário e Tiago Queiroga pretende unir tudo o que um hóspede precisa para uma boa estada - Gustavo Xavier/Divulgação Com uma configuração que agrega quarto, estar e cozinha, o ambiente de Maria Gabriela Belisário e Tiago Queiroga pretende unir tudo o que um hóspede precisa para uma boa estada

No lugar que antes era uma casa de fundos dentro da construção, provavelmente para empregados, os arquitetos da NovePontoUm, Maria Gabriela Belisário e Tiago Queiroga criaram, para sua estreia na Morar Mais por Menos, o Estúdio do hóspede. Com uma configuração que agrega quarto, estar e cozinha, o argumento é formar um apartamento totalmente independente, dispondo de tudo o que um hóspede precisa para uma estada com privacidade e comodidade. Mantendo a estrutural inicial, como portas, janelas e piso em visual "detonado", a inspiração em fazendas mineiras fornece aconchego, através da junção entre o velho e o contemporâneo. Essa conversa se dá pela cama garimpada em antiquário, fogão e frigobar antigos, a bancada azulejada, e móveis atuais. "Pretendemos contar uma história através do ambiente, além de investir em soluções econômicas, como é o conceito do evento", dizem.


Na divisória entre a sala e o dormitório, a dupla faz uma releitura de um gabião a partir de uma tela de aço com pedra, reutilizando resíduos de material de obra. Outra concepção acessível é um cabideiro com cabo de aço. No cardápio das cores, verde, rosa e uma puxada de violeta. Um toque de estilo e frescor fica por conta das plantas, que marcam presença no projeto: cerejeiras, trepadeiras, lavanda e arranjos de alecrim reforçam a intenção de aguçar os sentidos. "É um espaço sensorial. A pessoa entra e se sente bem pelo conjunto, não só por um dos efeitos isoladamente", acrescentam Maria Gabriela e Tiago.

ATEMPORAL

No Louceiro do tempo, Alessandra Fantoni e Juliana Fantoni Peluso pensaram em um reduto para guardar lindos itens em louça - Gustavo Xavier/Divulgação No Louceiro do tempo, Alessandra Fantoni e Juliana Fantoni Peluso pensaram em um reduto para guardar lindos itens em louça

As designers de interiores Alessandra Fantoni e Juliana Fantoni Peluso são entusiastas dos encantos das coisas antigas e contam que, logo que se depararam com o casarão que iria abrigar a Morar Mais por Menos, ficaram apaixonadas. Em uma área reduzida, conseguiram transformar a limitação do espaço com uma linda composição. Trata-se do Louceiro do tempo que, em forma de ser descascado, é dito como uma janela temporal - explora o que era nos anos 1950 e o que pode ser hoje, permitindo o rico diálogo entre o que é datado de períodos atrás e o que é de caráter hodierno.

O lugar é um verdadeiro reduto para guardar elegantes itens em louça. "Quisemos reproduzir traços da época no ambiente e pesquisamos como o louceiro era utilizado na década de 1950", contam, elas que estão na lista de profissionais da mostra pela quinta oportunidade. "Recorremos à marcenaria geométrica, com azulejos originais, e à marcenaria criada por nós, explorando os tipos de desenho daqueles tempos." Em uma parede lateral, brincaram com a customização, com plotagens que lembram casa de vó, completando com objetos de mais idade, garimpados ou do acervo pessoal. Com o emprego de cores cinquentistas típicas, também usaram matizes correlatas, como rosê, azul claro e escuro.

Pela primeira ocasião no catálogo da Morar Mais por Menos, os arquitetos Marcela Meira Machado e Luís Gustavo Montilha apresentam um ambiente para a confraternização e encontro. Na Pérgola da família e amigos, reconstruíram o que era o quarador da primeira casa. Eles perseguem o conforto com liberdade, recorrem a móveis com dupla função para atender a cada situação, de acordo com o número de convidados, que se desdobram em vários tipos de assento - são bancos que viram mesas, mesas de apoio que se tornam bancos. "O conforto também é alcançado através das cores, principalmente as nuances terrosas, além do azul em destaque, para dar calma e tranquilidade, e o verde, com o forte apelo do paisagismo", caracterizam. Dentro das ideias acessíveis, está a pérgola com matéria-prima que lembra um aço corten, mas na verdade é um metalon oxidado, adaptado para parecer com o material, mas com uma diminuição de R$ 10 mil no preço.

Ambiente Pérgola da família e amigos, de Marcela Machado e Luís Gustavo Montilha: espaço para confraternização e encontro - Gustavo Xavier/Divulgação Ambiente Pérgola da família e amigos, de Marcela Machado e Luís Gustavo Montilha: espaço para confraternização e encontro

Uma parte do chão original, revestido com azulejo branco, foi conservado e se transformou em um grande tapete. Nas laterais, o piso de reflorestamento segue a linha da sustentabilidade. No mobiliário, a graça de um charmoso balanço, adicionado como um elemento lúdico. Nas proposições faça você mesmo, vasinhos trançados com macramê em corda náutica, de criação própria de Marcela. "É a nossa primeira experiência e estamos gostando muito. Superou nossas expectativas. É a possibilidade de divulgar nosso trabalho e atingir um público novo", finalizam.

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